quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tic-Tac

Quando você para pra prestar atenção naquele relógio velho de parede, talvez esse seja o som que mais te assuste. Seja pela velocidade inconstante do toque, se no caso o ‘’objeto’’ de análise for o passado, a riqueza de detalhes e emoções sentidas nele, que jamais se repetirão com a mesma intensidade que um dia aconteceu. Ou pela lentidão, quando comparamos essas lembranças, aos nossos sonhos e projetos de hoje.

As guloseimas que os seus avós adoravam  dar escondido pra você, as brincadeiras de pique com a galera da rua, as advertências da Escola que os seus pais não agüentavam mais assinar, ou pior, ter que convencê-los de que o Diretor queria conversar com eles,  o futebol nos finais de semana com os amigos ou as festinhas de pijama com as meninas. A primeira paixão, que fazia a conta de telefone  estourar no final do mês, o arrepio que você sentia toda vez que o seu professor de química  falava que o vestibular estava chegando, e abrir mão dos churrascos, festinhas e afins pra ficar lendo que: ‘’só sei que nada sei’’.

Pedir a gata em namoro para um monstro de 2m de altura que ela chama de papai, deitar no colo da sua mãe, ganhar um cafuné e perguntar se quando você pensa mais de 10 vezes em alguém durante o dia é porque está apaixonada. Colocar aquela blusa bege cafona que te deixa com aspecto de responsável, pra uma coroa metida fazer um interrogatório pra você e mais cinqüenta pessoas. O primeiro dia de aula na faculdade, o primeiro trabalho, a primeira desilusão, o primeiro carro, enfim. Tudo tem seu tempo, e tem tempo pra tudo. O que cabe a nós refletirmos, é de que forma exploramos o tempo que temos, e o que fizemos de proveitoso (mesmo sendo considerado errado), com o que tínhamos.

A história do ‘’Nasce, cresce, se reproduz e morre’’ é balela. É necessário viver. Aproveitar, dançar, sofrer, lutar, chorar, sorrir, amar, achar que aprendeu e depois chorar pela mesma coisa. Brincar, correr, beijar, pular, cair, jogar, sair, comprar brigas, se apaixonar, esquecer em um dia e se apaixonar por outro no dia seguinte. Se decepcionar, sofrer por opção ou optar por não sofrer, ter uma lição de vida com alguém que pra sociedade é inferior a você, mas que só você sabe a importância de quem te ensinou a dar valor à vida. Deixar de ir à praia com o pessoal pra passar o domingo à tarde vendo Faustão com os seus pais, engolir as suas lágrimas pra secar as dos teus amigos, ou derramá-las quando o mesmo olhar nos seus olhos e disser: ‘’Estou aqui com você, ta?.

Cabe à nós darmos o valor que queremos que as nossas vidas tenham.
Não dependa dos outros pra fazer aquilo que você pode fazer sozinho, não espere deles aquilo que você dar, não se arrependa nem se condene pelos seus erros do passado, afinal, você só é o que é hoje graças a eles, e quem pode decretar o que é certo ou errado? Se optar por continuar cometendo alguns, entenda e aceite que você vai sempre colher aquilo que plantar. Se liberte de qualquer tipo de preconceito, você definitivamente não é melhor do que ninguém. É só olhar pra sua celulite, não entender uma piada idiota na maioria das vezes, ou perceber o quanto é cabeça dura, e mesmo assim continuar sendo, que você vai notar que não está acima do bem e do mal como muitas vezes acha, quando olha com olhar de desprezo e julgamento pra alguém.

Ame e se declare; fique triste e chore; surpreenda-se e agradeça; se liberte dos pudores hipócritas que te impedem de realizar as suas vontades; não reprima aquilo que você está louca pra viver por medo de não dar certo, lembre-se sempre que a probabilidade é a mesma para ambos os resultados. Faça novas amizades, mas não deixe de lado quem te acolheu quando te faltavam as palavras; use chapinha nos seus cabelos, mas cuidado pra não valorizar demais isso e acabar queimando os seus neurônios. Neologismo à parte, ‘’clicheiramente’’ falando, aprenda na prática que ‘’ser’’ é muito melhor do que ‘’ter’’, só assim essa frase vai fazer sentido pra você.

Namore, apaixone-se, case-se, termine, viaje, volte.

Erga-se, esqueça, desapareça, conheça, ouça Lulu Santos.

Compreenda  que ‘’Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia’’, porque  ‘’Hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos'', e não esqueça de ‘’que não há tempo que volte amor, vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir’’.



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