Decepção.
Se você não é um louco suicida, certamente na sua declaração de óbito não terá como causa: Decepção. Agora, se você prefere não descartar essa possibilidade em último caso, já deixo de antemão o meu singelo Adeus!
Pai, mãe, namorado, marido, peguete, amante, amor da sua vida, ou melhor amigo. Seja no trabalho, na faculdade, cursinho, academia ou até mesmo na festinha. A decepção está presente em tudo e em todos. Mas antes de você apontar uma causa específica ou um culpado para as suas noites mal dormidas, olheiras ou parte de uma ‘’autodestruição’’ do seu corpo e/ou da sua mente, já parou pra pensar que o problema inicial pode estar em você? Sim! Em você!
A facilidade que temos em encontrar supostos culpados e dramatizar situações, propositalmente intensificando-as, é imensa. É muito mais cômodo transferirmos toda e qualquer culpa para terceiros, condenando-os, sem antes nos perguntarmos o que levou aquilo tudo a acontecer, qual é a nossa parcela de culpa, e no que ela colaborou para que uma decepção fosse gerada.
Por experiência própria, reafirmo que, muitas vezes o problema inicial, e que torna de muitas situações simples, devastadoras, está em nós. Sabe por quê? Porque de um modo geral, temos o péssimo costume de despejarmos nas pessoas que amamos, ou até mesmo nas que encontramos o mínimo de afinidade, as maiores e mais intensas expectativas. Queremos sempre o melhor delas, esperamos que ouçam nossos conselhos e os siga, ainda que os mesmos, para nós, não passem daquilo que julgamos ser o certo, mas que na maioria das vezes quando estávamos em situações parecidas, sequer cogitamos a hipótese de seguir.
Eu sei que a sensação de ver uma pessoa que você deseja o melhor, e por isso se sente no dever de protegê-la, optando por caminhos estreitos, é angustiante. Fazer e ouvir juras de amor, e vê-lo se esvaindo por descuido ou comodismo, dói muito. Apostar todas as suas fichas na honestidade de alguém, e aos poucos perceber que colocar a mão no fogo seja por quem for, requer mais que sensibilidade ou vínculos sanguíneos, é revoltante. Assistir o desequilíbrio e fuga de alguém que você tinha como herói e que, por natureza, deveria ser a sua base, faz com que medos até então descartados, ressurjam. Sim, eu sei de tudo isso! Mas o ponto chave está em saber discernir determinadas situações, para evitar decepções contínuas no futuro.
Não espere de ninguém aquilo que, espontaneamente, você pode proporcionar, seja em qual sentido for. Por melhor que sejam as suas intenções, jamais tente impor conselhos, se houver necessidade dos mesmos, ofereça-os gratuitamente e sem cobranças. Aceite que por mais mágicos que tenham sido alguns momentos, eles tanto podem ser revividos, quanto podem ter um fim, e se por ventura esse fim chegar, aprenda a lidar com as escolhas feitas pelo outro. Independente do nível e grau de relacionamento, não basta o amor, respeito, e mudança apenas de uma parte, ninguém luta sozinho e por um objetivo já bloqueado por alguém.
Insistir em relações desgastadas e já desfeitas pelo tempo e circunstâncias, alimentar sentimentos ainda imaturos e completamente incertos, depositar esperança naquilo que no fundo nem você mesmo acredita. Viabilizar oportunidades que por diversas vezes já foram frustrantes, falta de controle emocional com reações inusitadas, esperar dos outros uma postura que você acha que teria, ou até mesmo colocar determinadas pessoas em um patamar muito alto de perfeição, só resulta em decepções.
O importante é jamais esquecer que você tem controle do possível sofrimento a ser gerado. A proporção que ele vai tomar ou não na sua vida, e se a desilusão com o próximo será transformada em incentivo na busca pelo autoconhecimento, só depende de você. Procure tirar algo de proveitoso em cada situação vivida, desde as muito felizes às quase impossíveis de suportar. Não que isso te deixe livre de sofrer com o que está por vir, mas ao menos você terá aprendido a lidar melhor com aquilo, e naturalmente, terá uma visão mais madura de como enfrentar determinado momento.
É válido ressaltar que, assim como ao ler esse texto, provavelmente você lembrou de alguém que já te decepcionou, o mesmo pode acontecer com um outro alguém que você tenha feito o mesmo. Por isso, aprenda a fazer dos seus ouvidos um filtro, daquilo que a sua mente absorveu e que a sua boca quer expressar.
Decepção não mata, no máximo engorda!
Vai uma barra de chocolate, aí?