sexta-feira, 10 de junho de 2011

Se amar, beba!

É um tanto do muito, um muito do nada e um quase de tudo.

Tem um pouco dalí, com isso misturado, talvez dê naquilo.

Sabores, porções e quantidade.

Pronto! A minha vitamina está pronta! Opa! Pronta? Mas faltou misturar os ingredientes, colocar no liquidificador, peneirá-los, servir com cuidado para não derramar, para então, na medida certa (ou quase), apreciar.

Êi! Estamos falando de vitamina, aquela de banana com aveia, ou a de morango ao leite, ou não passam de metáforas que tentem retratar o amor? É, confesso que eles podem ser facilmente comparados.

Há quem diga que é fogo que arde sem se ver, outros já preferem acreditar que é um tédio sem remédio. Procuramos entendê-lo através de músicas, das calmas às mais agitadas, poesias, textos aleatórios, experiências de um e de outro, Programas de TV e revistinhas de Horóscopo. Buscamos respostas em Drummond, questionamos Roberto Carlos, rimos com Clarisse, e inevitavelmente concordamos noventa por cento com a minha querida, Martha Medeiros.

Mas a cada nova situação envolvendo esse tal de ‘’amor’’, voltamos a estaca zero.

Abastecemo-nos de coragem, ânimo e auto-estima quando trocamos experiências com outras pessoas, transparecemos um bom humor um tanto quanto resistente, parecemos quase indestrutíveis. Passamos a imagem de que praticamente mandamos no nosso coração, e em minutos, sem percebermos, nos vestimos de um sarcástico personagem. Somos o retrato da autoconfiança enquanto folheamos revistas com textos de auto-ajuda, até ficamos um pouco comovidos com alguns poemas, estremecemos um pouco com a letra daquela música que o motorista adora colocar quando entramos no ônibus, mas rapidamente arranjamos alguma distração para que aquilo não crie raiz.

A verdade é que nada disso adianta.

Não sobrevivemos de experiências alheias. Ainda que, momentos difíceis que pessoas queridas ao nosso redor tenham vivido nos inspire, ou de certa forma, nos desperte para tomarmos cuidado caso aconteça parecido conosco, só compreendemos o quanto dói, quando passamos por situações semelhantes, que nos exija muito mais do que supomos que somos capazes de suportar.

Ou o contrário. Histórias divertidas e intensas, de uma paixão avassaladora ou um amor pacato, precisam ser vivenciadas por cada um de nós. Em cada gesto sincero, um olhar comprometedor, abraços apertados, ou discussões interrompidas por um beijo apaixonado. Quer melhor? Tudo termina como começou! Devemos sugar todas as declarações inesperadas que desfazem qualquer insegurança boba, os sorrisos encabulados e as melhores besteiras ditas. Mas não se engane, o amor não se baseia nem é sustentado só pela parte ‘’boa’’.

As noites em claro repletas de ‘’porquês’’ e ‘’serás’’, a ansiedade incontrolável e torturante de uma chegada, a agonia de uma espera, o anseio pelo dia seguinte, ou o momento da ‘’tal’’ conversa. Os dias corridos, o acúmulo de estresse e a atenção dividida. Sim! O amor também necessita da parte difícil da relação. E até ouso dizer que, muitas vezes, cultivando-o bem em momentos ‘’não propícios’’, é onde ele  verdadeiramente é reconhecido, e conseqüentemente só aumenta.
Afinal, amar o bom é fácil, ser recíproco quando se tem tempo, não é uma das tarefas mais difíceis, muito menos desfrutar da disponibilidade e positividade do outro. Agora, amor, amor mesmo, cresce, se mantém forte e é sustentado independente da circunstância, é claro, desde que ambos estejam de acordo.    

Mas o amor é assim mesmo, exatamente como o preparo de uma boa vitamina.
É necessário escolher os melhores ingredientes, com cuidado, sem pressa. Após identificá-los, faça a junção dos mesmos, mas saiba diferenciá-los, para que, quando você for provar, não confunda o seu paladar. Misture, mexa, mas seja cauteloso, impeça a passagem do que é perecível e futuramente estrague o que, hoje, você está se empenhando tanto em preparar.



Após isso, beba-o, lambuze-se e se farte.